Nos últimos dias, tem circulado no WhatsApp e no TikTok um vídeo com tom alarmista que afirma que várias mulheres morreram ou foram hospitalizadas no Brasil devido ao uso de absorventes íntimos contaminados com substâncias químicas letais.
Segundo a narração do vídeo, trata-se de um “alerta máximo”, e o suposto caso teria ocorrido em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. O conteúdo afirma ainda que “a corporação responsável foi processada” e que os produtos provocariam “uma epidemia silenciosa de cancro e infertilidade”.
A equipa do Verifica.ao investigou e concluiu que a informação é falsa.
O que dizem as autoridades de saúde
De acordo com a agência de verificação A Lupa, as secretarias de saúde dos estados mencionados no vídeo (São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal) negam totalmente que tenham ocorrido casos de internamento relacionados com o uso de absorventes contaminados.
O Ministério da Saúde do Brasil também desmentiu a informação. Em comunicado, a pasta afirmou:
“Não há evidências científicas que associem o uso de absorventes higiênicos ao desenvolvimento de cancro.”
A Secretaria de Saúde de São Paulo reforçou que a alegação é falsa e desinformativa:
“A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) informa que é falsa a informação que circula nas redes sociais sobre suposta contaminação de absorventes íntimos com substâncias químicas letais.”
As Secretarias do Rio de Janeiro e do Distrito Federal confirmaram igualmente que não há qualquer registo de denúncias, internamentos ou alertas sobre o assunto.
A origem da desinformação
A equipa do Verifica.ao identificou que esta narrativa falsa surgiu após a divulgação de uma pesquisa de pequeno porte realizada na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, publicada em julho de 2024.
O estudo analisou 30 unidades de absorventes internos vendidos em Nova Iorque, Londres e Atenas e encontrou traços de metais como chumbo e arsénio — elementos naturalmente presentes no solo e que podem contaminar o algodão durante o cultivo.
Contudo, os autores da investigação alertam que os resultados não permitem concluir que exista risco à saúde humana, nem identificam as marcas analisadas. Ou seja, não há qualquer evidência científica que relacione o uso de absorventes com doenças graves, internamentos ou mortes.
Conclusão: ❌ FALSO
A alegação de que mulheres morreram após usar absorventes contaminados é falsa.
Nenhum órgão oficial de saúde, nem no Brasil nem a nível internacional, confirma qualquer caso desse tipo.
O vídeo que circula nas redes sociais usa linguagem alarmista e enganosa, com o objetivo de gerar pânico e partilhas em massa — uma estratégia comum em campanhas de desinformação digital.
Fique atento ao Verifica.ao
O Verifica.ao alerta os cidadãos para não partilharem mensagens alarmistas sem antes confirmar a veracidade da informação.
Estamos comprometidos em combater a desinformação e garantir que o público tenha acesso a dados precisos, confiáveis e verificados.
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