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Afélio causa frio extremo e aumento de doenças respiratórias

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Tem circulado nas redes sociais e em grupos de WhatsApp uma mensagem alarmista que afirma que, a partir das 05h27 de um dia não especificado, se inicia o fenómeno do afélio, quando a Terra fica mais distante do Sol — cerca de 152 milhões de quilómetros — e que isso causaria uma queda acentuada das temperaturas, com impactos directos na saúde, como o aumento de gripes, tosses e doenças respiratórias. A mensagem recomenda ainda o consumo de vitaminas, sumos e legumes para “reforçar a imunidade”.

A equipa do Verifica.ao analisou o conteúdo e concluiu que ele é enganoso. Eis os motivos:

1. O afélio existe, mas não provoca frio extremo

O afélio é o ponto da órbita em que a Terra está mais distante do Sol, e ocorre todos os anos, normalmente no início de Julho. Em 2025, este fenómeno ocorreu a 3 de Julho.

De facto, a Terra nesse ponto está cerca de 152 milhões de quilómetros do Sol, contra os cerca de 147 milhões de quilómetros no periélio (o ponto mais próximo). Contudo, esta diferença de aproximadamente 5 milhões de quilómetros representa apenas cerca de 3,3% da distância média entre a Terra e o Sol, sendo insuficiente para causar qualquer variação climática significativa. A diferença térmica estimada é de apenas cerca de 5 °C, o que é irrelevante em comparação com as mudanças causadas pelas estações do ano.

2. O frio do inverno deve-se à inclinação do eixo da Terra

O planeta Terra possui um eixo inclinado em relação à sua órbita em torno do Sol. É essa inclinação — e não a distância ao Sol — que provoca as estações do ano. Durante o inverno no hemisfério Sul (de Junho a Agosto), os raios solares incidem com menor intensidade, resultando em temperaturas mais baixas.

O afélio ocorre, por coincidência, durante o inverno no hemisfério Sul, mas não é a causa do frio.

3. Os números da mensagem estão errados

4. Não há evidências científicas de que o afélio aumente o risco de doenças

Organizações de verificação de factos como AfricaCheck, Boatos.org, Cape Argus, entre outras, já desmentiram versões semelhantes desta mensagem em anos anteriores. Não existe qualquer base científica que comprove uma relação entre o afélio e o aumento de gripes, tosses ou doenças respiratórias.

Recomendar a ingestão de vitaminas, frutas cítricas e legumes é uma prática saudável e válida — mas não tem qualquer relação com o afélio.

Conclusão: trata-se de uma mensagem enganosa e alarmista

O fenómeno do afélio é real, mas não provoca as alterações climáticas extremas nem os impactos na saúde alegados na mensagem que circula. O conteúdo mistura factos reais com afirmações falsas e sem suporte científico, o que o classifica como enganoso.

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