Recentemente, o activista Ngoma Mbuta uma crónica, e que foi amplamente divulgada publicou nas redes sociais, alertando para alegadas “graves consequências” da vacinação contra o cancro do colo do útero (HPV), cuja campanha nacional foi lançada pelo Governo de Angola no dia 27 de Outubro.
Na publicação, Mbuta afirmou que o objectivo da vacina seria “obscuro” e visaria “reduzir a densidade populacional de Angola para cerca de 10 milhões de habitantes nos próximos anos”.
O activista também questionou a idade das meninas vacinadas e sugeriu que a imunização poderia causar infertilidade, apelando ainda a que “não matem as nossas meninas de Angola”.
A equipa do Verifica.ao investigou as alegações e concluiu que a informação é falsa.
O que dizem as autoridades de saúde
As vacinas contra o Papilomavírus Humano (HPV) — responsáveis por prevenir o cancro do colo do útero — são aprovadas e recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), UNICEF, Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) e Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC).
O Comité Consultivo Global sobre Segurança das Vacinas da OMS (GACVS) afirma que as vacinas contra o HPV são extremamente seguras.
Os efeitos secundários mais comuns são ligeiros e temporários, como dor no local da injeção ou febre baixa.
Reacções alérgicas graves são raríssimas e monitorizadas.
Não há qualquer evidência de infertilidade
A alegação de que a vacina contra o HPV pode causar infertilidade é infundada e desmentida por todas as principais entidades médicas e científicas internacionais.
Estudos de larga escala e revisões sistemáticas realizadas em diversos países não encontraram qualquer relação entre a vacinação e problemas de fertilidade.
A OMS e o CDC reafirmam que não existe base científica para sustentar tais teorias, que têm circulado em vários países como parte de campanhas de desinformação antivacinas.
Países citados também vacinam contra o HPV
Ngoma Mbuta afirmou que países como África do Sul, Namíbia, Zâmbia e Zimbabué teriam “rejeitado” a vacina contra o HPV. Essa alegação é falsa.
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África do Sul tem o programa nacional de vacinação contra o HPV em vigor desde 2014, aplicado em escolas públicas.
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Namíbia anunciou a introdução da vacina como parte da estratégia nacional de imunização.
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Zâmbia e Zimbabué também executam campanhas regulares e registam elevadas taxas de cobertura vacinal.
Ou seja, todos os países citados adoptaram programas públicos de vacinação contra o HPV.
Benefícios comprovados da vacina contra o HPV
A vacina contra o HPV é uma das medidas de saúde pública mais eficazes para prevenir o cancro do colo do útero, que é uma das principais causas de morte entre mulheres em idade reprodutiva em África.
A vacinação antes do início da vida sexual oferece a melhor protecção contra as estirpes de HPV que causam a maioria dos casos de cancro.
Estudos de longo prazo demonstram uma redução significativa das lesões pré-cancerígenas e, em alguns países, queda nas taxas de cancro cervical após a implementação dos programas de vacinação.
O que os cidadãos devem saber
A vacina contra o HPV é segura, eficaz e recomendada por todos os organismos internacionais de saúde.
Não há qualquer ligação comprovada entre a imunização e infertilidade ou controlo populacional.
As alegações do activista Ngoma Mbuta são falsas e sem base científica.
As famílias devem procurar informações junto dos serviços de saúde oficiais, do Ministério da Saúde de Angola ou de organizações como a OMS, UNICEF e Gavi antes de partilhar conteúdos alarmistas nas redes sociais.
Conclusão: FALSO
A equipa do Verifica.ao conclui que não há provas de que a vacina contra o HPV cause infertilidade ou tenha objectivos de redução populacional.
Trata-se de desinformação que pode pôr em risco a saúde pública e comprometer a protecção de milhares de meninas contra o cancro do colo do útero.
Fique atento com o Verifica.ao
O Verifica.ao lembra que o combate à desinformação é um esforço conjunto.
Antes de partilhar mensagens sobre saúde, confirme sempre a origem e procure fontes oficiais.
O nosso compromisso é garantir que a sociedade tenha acesso a informação precisa, confiável e verificada.
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